Crescimento do setor de beleza no Brasil revela demandas de consumo

Autor: Thiago.

O comércio de produtos de beleza tem mostrado expansão nos últimos anos. De acordo com um levantamento realizado pela Nuvem Shop, beleza foi o segundo segmento de lojas online que mais cresceu no primeiro trimestre de 2018. Com aumento de 117% em relação ao mesmo período do ano passado, ficou atrás somente da criação de novas lojas online de moda e acessórios (crescimento de 148%).

Por trás do grande movimento ascendente do setor, há uma forte demanda de consumidores online. A procura pelo tema criou circulação de informações por produtos e “tutoriais de beleza” online, o que favorece, principalmente, as lojas virtuais que produzem conteúdo informativo. Para Mari Corella, diretora de marketing digital da Al Tayer Group – uma das maiores redes de varejo online dos Emirados Árabes -, este cenário abre boas oportunidades para lojistas de e-commerce criarem conteúdo interessante que os aproximem de seu público.

Para Mari Corella, conexão com clientes é fundamental

“Para cuidados com a pele, os clientes são influenciados pelos resultados, portanto, declarações como ‘reduz as rugas em 50%’ são fundamentais”, explica. Segundo Corella, o comércio eletrônico precisa capturar o cliente no momento em que ele busca inspiração, ou seja, na hora da pesquisa. “Para produtos de beleza de tendência, inspire o cliente, informando-o sobre quais produtos podem completar uma aparência moderna e ofereça tutoriais que facilitem o seu domínio”.

A grande dificuldade do setor, no entanto, é fazer os novos clientes confiarem nos produtos sem ter contato direto com eles antes de finalizar a compra. A especialista, que vai participar como palestrante do Fórum E-Commerce Brasil 2018, defende que, além do marketing de conteúdo, é preciso fidelizar o cliente depois da primeira venda.

“Uma vez que você conectou o cliente a um produto, incentive-o a reabastecer quando este produto acabar, talvez com alguma ajuda de promoções financiadas por fornecedores.”

Produtos de beleza e algo mais

De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, os setores responsáveis por artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria apresentaram crescimento de 11,6% nos últimos 12 meses e tiveram a sexta maior participação global do varejo nese período.

A interação com o varejo físico é uma das dicas de Mari Corella para o e-commerce engatar as relações com os clientes. “Salões físicos são uma saída forte para as vendas no varejo, então, se a beleza sob demanda decolar, os consumidores vão se voltar ainda mais ao digital para comprar produtos de beleza”, completa a diretora de marketing.

Atualmente, o setor de beleza está entre os dez principais segmentos do varejo brasileiro. Além disso, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) prevê um crescimento nominal de 8% no faturamento de 2018 somente pelo mercado de produtos de beleza.

Aliado a esse mercado, a grande movimentação no consumo de produtos de higiene pessoal revela aumento da consciência de utensílios estéticos para a manutenção do bem-estar social. O mercado mundial de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos movimentou em 2017 mais de US$ 72 bilhões.

Desafio para os lojistas

“Para o vendedor, o maior desafio da beleza é poder exemplificar como o produto ficará no cliente”, expõe a especialista. Em oposição aos produtos de higiene pessoal, de uso cotidiano e com os quais o cliente já teve contato prévio, o crescimento de vendas no segmento de beleza online revela um esforço interativo com os consumidores para eles se sentirem mais confortáveis em comprar produtos novos.

Segundo Corella, cada vez mais o varejo online aproveita tecnologias de correspondência de cores, por exemplo, para comparar as características do rosto dos consumidores com a cor da maquiagem que eles pretendem comprar. Outras ferramentas, como aplicativos de realidade aumentada, estão ajudando a preencher essa lacuna para o varejo e auxiliando os usuários a visualizar tons de maquiagem e estilos em seu próprio rosto.

De acordo com uma pesquisa da empresa Euromonitor Internacional, atualmente, o Brasil ocupa a terceira posição mundial no consumo de cosméticos, atrás somente dos Estados Unidos e do Japão.

O mercado também é deles

Outro fator relevante para o crescimento do setor de beleza nas vendas online se deve ao aumento da participação masculina no consumo de tratamentos estéticos e de produtos de beleza. O Brasil ocupa o segundo lugar mundial de homens que compram produtos para fins estéticos, de acordo com a Euromonitor Internacional, atrás somente dos Estados Unidos. Fatores como valorização da aparência independentemente do gênero e classe social e envelhecimento da população no país são importantes para entender essa realidade de consumo.

O público masculino representa também 30% dos pacientes em clínicas estéticas, segundo levantamento da Associação Brasileira de Clínicas e Spas (ABC Spas), sendo que as compras com itens de cuidados pessoais para este grupo aumentou 35%. Até 2019, estima-se que o Brasil lidere o segmento mundial de usuários masculinos de produtos de beleza.

Perfil de consumo das brasileiras

Pesquisa da Sophia Mind revela que 88% das mulheres brasileiras usavam a internet para procurar informações sobre produtos, processos de compras e tutoriais de beleza em 2017, contra 58% em 2013.

Essa demanda de consumidoras online se torna positiva para as lojas virtuais, que ganham maior visibilidade. Para a palestrante do Fórum E-Commerce Brasil, o aumento da participação nos ambientes digitais nos últimos anos reforça a interação entre o varejo físico e online. Isso porque muitos usuários procuram nas lojas virtuais produtos com os quais já tiveram contato em lojas físicas. Simultaneamente, procuram no varejo físico produtos com os quais tiveram contato por referências online.

“Os varejistas online e offline devem ter relacionamentos com seus fornecedores de beleza para ajudar a movimentar o inventário”, explica a diretora de marketing digital, já que ambas as formas de vendas se complementam. Mari Corella destaca também que o relacionamento com o cliente no setor da beleza deve se fortalecer para que produtos sazonais ou com curto prazo de validade não sejam perdidos nos processos de venda.

Ainda segundo o levantamento da Sophia Mind, a maioria dessas usuárias buscam dicas de como usar produtos de beleza. A oportunidade para lojistas e fabricantes, neste momento é de disponibilizar conteúdos explicativos nos canais de maior procura, como redes sociais, sites e blogs de conteúdo feminino e até mesmo sites de lojas e de fabricantes dos produtos mais procurados, que foram referidos pelas consumidoras brasileiras como suas principais fontes.

Por Júlia Rondinelli, para a redação do E-Commerce Brasil

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